O mês de março tem marcado uma intensificação das mobilizações sindicais e greves em todo o Brasil. Ela é resultado, em grande medida, da continuidade de políticas de austeridade que resultam em perdas insustentáveis para a classe trabalhadora. O arrocho salarial combinado a fatores como a inflação significa uma perda real de renda para nossa classe, impondo maiores dificuldades para os trabalhadores e trabalhadoras manterem condições de vida dignas.
No serviço público federal, mesmo com a importante derrota do projeto ultraliberal de Bolsonaro e Guedes, vemos a manutenção de políticas de austeridade como o arcabouço fiscal, cuja lógica se assemelha a do antigo Teto de Gastos (EC95). Os prejuízos já são sentidos. O orçamento aprovado para 2024 prevê, por exemplo, uma redução de 310 milhões de reais para as universidades federais quando comparado ao ano anterior.
Outra consequência dessa política nefasta também se materializa na proposta do governo Lula-Alckmin de reajuste salarial ZERO para categorias essenciais do serviço público federal, como a da educação. Nas mesas de negociação, tudo que se propõe para 2024 é a subida de gratificações que não atingem cerca de metade dos servidores(as), sobretudo os que já se encontram aposentados(as).
Diante deste cenário, diversas categorias têm avançado na luta. O congresso do Andes-SN, realizado no final de fevereiro, aprovou a construção de uma greve nacional do setor das Ifes (instituições federais de ensino superior). Como resultado das assembleias realizadas durante o mês de março em seções sindicais de todo o país, o ANDES-SN aprovou, no último dia 22, em reunião contou com a participação de representantes de 37 seções sindicais, o indicativo de greve das e dos docentes das Universidades Federais, Institutos Federais e CEFETs da base do Sindicato Nacional para 15 de abril. As pautas centrais da categoria são a recomposição salarial, reestruturação da carreira, “revogaço” de medidas que atacam docentes e a educação pública como o Novo Ensino Médio, a BNC Formação e a portaria 983/2020.
Da mesma forma, na base da FASUBRA, já chega próximo de 60 o número de universidades onde os técnicos administrativos em educação se encontram em greve neste momento. O Sinasefe, que reúne servidores(as) dos institutos federais, aprovou em sua plenária nacional a deflagração da greve a partir do dia 03 de abril.
Apoiamos todas as mobilizações e greves contra a política econômica do governo e suas consequências desastrosas para o conjunto da classe trabalhadora. É importante ressaltar que a precarização dos serviços atinge não só os servidores(as), mas todas as comunidades que acessam os direitos sociais a partir da atuação de cada uma das categorias em luta. Senso assim, a luta é o único caminho para impedir que novos retrocessos sejam impostos.
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